A relação da Pio Cesare com a Decanter remonta aos primeiros momentos da importadora, uma vez que o primeiro contêiner da Decanter foi desses ótimos vinhos piemonteses.
A Pio Cesare foi fundada em 1881 e está comemorando seus 134 anos de vida, hoje com a produção de 40.000 caixas de 12 garrafas. São 70 hectares de vinhedos próprios em Barolo e Barbaresco, com produção exclusiva com uvas próprias, ou seja, nunca compram uvas.
Pio Boffa, que representa a quarta geração da família é uma grande personalidade do vinho, extrovertido, simpático e sempre muito preciso e coerente em suas informações. Diz, sem medo de errar que um grande Barolo tem que ter em sua composição uvas de todas as áreas de produção da DOCG.
Didático, explicou o caráter único da Nebbiolo, uma uva autóctone do Piemonte, com a qual se produz o Barolo e o Barbaresco, principalmente. Boffa explica que se trata de uma uva de pouca cor, com taninos marcantes, que não tem grandes afinidades por carvalho excessivamente tostado. Segundo sua própria definição, Pio Cesare é tradicional, no melhor sentido da palavra, não dados a grandes inovações.
Isso não o impede de fazer sempre que necessário os melhoramentos na vinícola e nos vinhedos, sempre com a visão voltada para a qualidade e para o futuro de seus vinhos.
Recentemente comprou mais 10 hectares em Monforte d’Alba e diz que está sempre pronto para defender a velha escola de Barolo, que consiste na mescla de uvas das diferentes zonas, repete com muita convicção. Para tanto, brinca, está sempre com a espingarda e o revolver na mão.
Para completar, explica que Il Bricco, com o qual elabora seu Barbaresco top, é um de seus quatro vinhedos, na verdade uma estrita seleção de três áreas especiais de colina.
Seu Il Bricco 2009 é concentrado e potente, fruto de uma safra mais quente que 2010 e 2011
Já Ornato é uma vinha histórica de Serralunga d’Alba, em forma de anfiteatro, de onde nasce o famoso Barolo Ornato, elaborado com 35% das uvas, sendo os restantes 65% destinados ao Barolo Classico. O Ornato reflete, de modo elegante, a potência de Serralunga, sendo elaborado com maceração de 40 dias e, em 50% do vinho o manuseio do chapéu é realizado pela delicada técnica de pigéage, que consiste em afundar as uvas suavemente com auxílio de meios mecânicos, geralmente uma barra de metal com um disco de metal na extremidade. Essa nova maneira de manusear o chapéu se deu por sugestão de Denis Dubordieu, professor da Universidade de Bordeaux e consultor contratado pela Pio Cesare.
Degustação revela a magia do Piemonte
Uma sequência de tirar o fôlego, com vinhos de grande qualidade e personalidade, em degustação comandada por Pio Boffa, foi o ponto alto da apresentação.
De início, veio o Piodilei 2011, um puro chardonnay de aromas elegantes de frutas maduras, envoltas em fino tostado, com acidez refrescante e álcool equilibrado no paladar. Longo e com corpo adequado, o Piodilei ainda teve excepcional evolução aromática na taça.
A seguir foi mostrado, em primeira mão, o Barolo 2011, trazido por Boffa especialmente para a degustação. Fruto de uma safra mais quente, o Pio Cesare Barolo 2011 mostrou-se com sua tradicional cor rubi claro, com nítidos reflexos atijolados, aromas sutis e elegantes de frutas maduras (cereja), notas florais e empireumáticas. Na boca revelou-se acessível já em sua juventude, com fruta deliciosa, acidez e álcool equilibrados, taninos de fina textura, com final delicado. Um belo vinho.
Pio Cesare - Vinhedo Ornato
Para se ter uma ideia da influência da safra, veio o Pio Cesare Barbaresco 2010, de safra mais fresca, com a mesma cor, o mesmo perfil aromático (com sutis diferenças), mas com taninos mais perceptíveis, ainda que muito finos, que os do Barolo. Um pouco de garrafa lhe fará muito bem.
O Pio Cesare Barolo 2010 veio com no mesmo tom, de cor rubi alaranjado e claro, aromas sutis de cereja, floral e empireumático, com paladar fresco e equilibrado, boa fruta, bom corpo, taninos de fina textura, ainda bem marcados, elegante e agradável.
As duas estrelas vieram na sequência e não decepcionaram...
O Pio Cesare Barbaresco “Il Bricco” 2009, um vinho de vinhedo único, de cor rubi claro, com reflexos laranja e aromas profundos de frutas maduras, com toques florais e empireumáticos. Boca com ótima acidez, estruturado, equilibrado, com taninos finos ainda bastante perceptíveis, bom corpo e longa persistência. Um grande vinho, com um longo caminho pela frente.
Pio Cesare - Vinhedo Il Bricco
Finalmente, degustou-se o Barolo Ornato 2009, de cor e aromas no mesmo perfil que o Il Bricco, mas com importantes diferenças no paladar. Aqui se sente um vinho com mais força, delicioso, com taninos muito finos, corpo pleno, equilibrado e com longa persistência, além de sofisticado retro olfato. Um grande vinho, já acessível, mas que deve ganhar muito mais complexidade com alguns anos de adega.
A visita de Pio Boffa é sempre um sopro de elegância e sofisticação num mundo dominado por vinhos musculares, alcoólicos e sem sutileza. O Piemonte mostrou que é uma região atemporal, que jamais sairá de moda e jamais cairá na tentação de seguir modismos que possam descaracterizar seus fantásticos vinhos. Volte sempre caro amigo, sempre será muito bem vindo...
Todos os vinhos aqui citados, com exceção do Barolo 2011, que chegará em breve, estão disponíveis na Decanter Importadora (www.decanter.com.br)
Agradecimento especial para Fernanda Fonseca, assessora da Decanter, pela gentileza e pelo suporte.
O fantástico Filetto di Manzo Alla Rossini Classico, assinado pelo chef Salvatore Loi, companhia perfeita para os Pio Cesare Barolo e Barbaresco