Nascido para brilhar, o ícone Almaviva, criado pelas mãos de Mouton Rothschild e Concha y Toro, atinge a maturidade de forma espetacular, com duas safras históricas, 2014 e 2015
Quando o Almaviva nasceu, o Chile ganhou um vinho de alta gama, que conquistou o mundo com personalidade, sofisticação, elegância e raro senso de terroir, o do Maipo, representado pelo mais nobre vinhedo da Concha y Toro, aliado ao que existe de mais moderno e ousado, a expertise francesa de Mouton Rothschild.
O resultado não poderia ser outro, um sucesso absoluto, fato que no Almaviva se repete safra após safra. Vários enólogos se sucederam à frente do empreendimento, que hoje tem em seu comando o talentoso Michel Friou, enólogo francês, que imprimiu ao Almaviva ainda mais fineza e elegância.
Os 20 anos do Almaviva foram comemorados em grande estilo na França, no magnífico Château Mouton Rothschild, numa festa que teve como anfitriões Philippe Sereys de Rothschild e Don Alfonso Larrain Santa Maria, atuais presidentes das vinícolas que deram origem ao Almaviva.
Philippe Sereys de Rothschild e Alfonso Larrain Santa Maria, presidentes, respectivamente, das casas Rothschild e Concha y Toro
O projeto nasceu em 1997, num acordo inédito na América do Sul entre a Baronesa Philippine de Rothschild, na época Presidente do Conselho Fiscal de Baron de Rothschild e Eduardo Guilisasti, Presidente da Viña Concha y Toro.
A esse respeito Philippe Sereys de Rotschild se pronunciou, exaltando o papel de sua mãe Philippine, uma mulher conhecida pela ousadia e pela determinação, caráter herdado de seu pai, o inesquecível Baron Philippe de Rothschild, uma figura mítica na história do vinho.
Don Alfonso também ressaltou o caráter de inovação e destacou o papel relevante das vinhas do Almaviva, dizendo serem as mesmas “um laboratório de ideias”.
O Almaviva foi na ocasião distinguido com a recém-criada classificação de Primer Orden, equivalente a um Gran Cru Classé de Bordeaux, em reconhecimento à complexidade e ao excepcional potencial de envelhecimento do vinho.
Para merecer tal distinção, o vinho deve ser elaborado com videiras exclusivas, bem como uma vinificação cuidadosa e com supervisão de equipe enológica integralmente dedicada ao projeto.
Pela trajetória do Almaviva, que temos o privilégio de conhecer desde a primeira safra, é mais que merecido.
Almaviva, um nome nascido na ópera
É interessante saber que o nome Almaviva vem da literatura clássico, numa referência ao Conde de Almaviva, o herói das bodas de Fígaro, famosa comédia de Beaumarchais, que posteriormente seria transformada em ópera pelo genial Mozart.
Sem perder suas raízes, o rótulo do Almaviva presta homenagem à história dos ancestrais chilenos, com uma imagem estilizada que lembra o Kultrun, tambor ritual da tribo que habitava o Chile, simbolizando a visão da terra e do Cosmos da civilização Mapuche
O vinho é elaborado com uvas francesas clássicas, sempre com predomínio de Cabernet Sauvignon, cultivadas nas terras do Maipo Alto, na área Maipo Andes, em Puente Alto, zona mundialmente conhecida pela excelência dessa nobre varietal.
Como em todos os grandes vinhos de Bordeaux, a composição varia a cada safra, e a Cabernet Sauvignon tem como inseparável parceira a Carménère, a segunda em percentagem, com a participação da Cabernet Franc em praticamente todas as safras e a Merlot em algumas safras.
Um fato digno de nota é a presença da notável Petit Verdot no corte desde 2010, fato que deu ao vinho uma expressão ainda mais bordalesa. A maturação do vinho se dá invariavelmente em barricas novas de carvalho francês, das melhores tonelerias.
O resultado é um vinho de grande caráter e expressão, com frutas perfeitamente maduras, notável equilíbrio, taninos de finíssima textura e excepcional persistência.
Degustação em São Paulo mostra a evolução de um clássico
A convite de Cristina Neves, Assessora da Almaviva, tivemos o provilégio de degustar algumas safras de Almaviva, em companhia de Michel Friou, que nos deu na ocasião importantes informações sobre as safras e detalhes da vinificação. seguem nossas impressões sobre os vinhos degustados na ocasião:
Almaviva 2001 – um grande vinho, que se mostra muito jovem, de cor rubi, escuro, com toques acastanhados discretos, praticamente sem evolução. Aromas agradáveis, de frutas maduras, com notas sutis de couro, carvalho tostado e especiarias. Também se percebe algo de tabaco. Boca com boa acidez, sem amargor, álcool equilibrado, macio, bom corpo, taninos finos, boa fruta, muito boa persistência. Surpreende pela potência e juventude. Ainda pode evoluir.
Almaviva 2009 – Uma das estrelas da coleção, mostra-se de cor rubi, escuro, sem evolução. Aromas de frutas escuras maduras, com sutil toque de tostado, leve nota floral. Boca deliciosa, com boa acidez, sem amargor, leve ponta de álcool, macio, encorpado, taninos muito finos, ótima fruta, persistência longa. Tem bom potencial de guarda.
Almaviva 2012 – O menos evoluído de todos os vinhos degustados, mostra cor rubi, sem evolução, escuro. Aromas de frutas escuras maduras, com notas de carvalho, com notas de especiarias, pouco evoluído também. Boca com boa acidez, álcool perceptível, austero, fechado, com taninos firmes, bastante perceptíveis. Um vinho que precisa de mais alguns anos de adega para integrar seus elementos e desenvolver maior complexidade.
Almaviva 2013 – Um pouco mais acessível que o 2012, mostra rubi, púrpura, sem evolução. Aromas de frutas escuras maduras, especiarias, leve toque de tostado. Boca com boa acidez, álcool levemente acima, leve aspereza, encorpado, discreta austeridade, persistência média a longa, equilibrado e com taninos de boa qualidade, ainda perceptíveis. Bom potencial de guarda, pede adega por mais 2 ou 3 anos.
Almaviva 2014 – Segundo Michel Friou, esse foi um vinho de um ano sem excessos climáticos, mais equilibrado, de muita seleção de uvas, com colheitas em parcelas precisas, respeitando a perfeita maturidade das uvas. Isso explica a impressionante maturidade da fruta e a extrema qualidade dos taninos. Exibe saudável cor púrpura, impenetrável, sem evolução, com lágrimas finas e numerosas. Aromas deliciosos, de frutas escuras maduras, com finos toques de carvalho tostado. Boca espetacular, com acidez e álcool equilibrados, macio ao extremo, encorpado, taninos finíssimos, ótima fruta, longa persistência, retro-olfato delicioso. Já pronto para beber. Tem ótimo potencial de guarda. O melhor Almaviva que já degustamos e sem dúvida o melhor vinho chileno da atualidade. Um show.
A conclusão que se chega sobre o Almaviva é que se trata de um vinho de alta classe, com impressionante potencial de guarda, com safras mais precoces e outras que necessitam maior tempo de guarda. Por qualquer ângulo que se analise, o fato inegável é que se trata de um grande vinho, de classe internacional, grande elegância e com o DNA francês e o terroir do Chile à flor da pele.
Um brinde ao Almaviva, parabéns pelos 20 anos e que venham muitos mais.
Nota do Editor - ainda não degustamos o Almaviva 2015, mas vale assinalar que o mesmo recebeu elogios unânimes de toda a crítica internacional. Tão logo possamos degustá-lo atualizaremos o artigo.